sexta-feira, 3 de abril de 2009

Ok, você venceu. Batata frita

Livro narra a história da banda BlitzEm seu livro sobre a história do rock brasileiro (Dias de Luta, 2002), o jornalista Ricardo Alexandre descreveu assim a canção que tornou a Blitz conhecida em todo o Brasil: “Você Não Soube Me Amar trazia a novidade do canto falado (...), a economia do punk (...), um riff de guitarra anos 60, uma base segura, uma letra que era puro discurso de rua. E um refrão poderosíssimo, como não se via desde, quem sabe, as maiores pepitas da jovem guarda’’. “Estava descoberta a pólvora’’, resumiu Arthur Dapieve em BRock – O Rock Brasileiro dos Anos 80 (1995).

Os historiadores do rock brasileiro nunca negaram que a Blitz escancarou a porta para Barão Vermelho, Paralamas, Titãs, RPM e Legião Urbana. Mas, se esses cinco grupos já têm suas memórias publicadas, faltava quem colocasse no papel as aventuras dos pioneiros. Não mais. O jornalista Rodrigo Rodrigues acaba de lançar As Aventuras da Blitz.

É justo que a banda ganhe seu próprio livro: nunca levada muito a sério como grupo musical, virou mania antes do RPM – era adorada especialmente pelas crianças – e talvez tenha sido a banda que mais influenciou o comportamento naquela década, ganhando até álbum de figurinhas. Basta lembrar as roupas extravagantes de Fernanda Abreu e Márcia Bulcão, o topete de Evandro Mesquita e as expressões “Ok, você venceu’’ ou “Desce dois, desce mais’’, repetidas por jovens no país inteiro.

Dono de um texto bem-humorado, que combina com a Blitz, Rodrigues se tornou próximo de Mesquita e companhia da banda há alguns anos, ao filmar shows e viagens.

Mas essa proximidade não impediu que surpresas aparecessem.

– Não sabia, por exemplo, que Fernanda Abreu cantava antes da Blitz. Ela estava numa banda com o Léo Jaime chamada Nota Vermelha. Também fiquei muito surpreso que uma outra backing vocal tenha passado pela Blitz antes. É a Katia B., mulher de João Barone, o baterista dos Paralamas – conta Rodrigues, que é apresentador do programa Vitrine, da TV Cultura.

O fato de o autor ser amigo de alguns integrantes não faz de As Aventuras da Blitz uma biografia chapa-branca.

– Fiz direitinho o dever de casa – diz ele. – Por exemplo: o Lobão é o responsável pelo nome da banda. Mas o Evandro disse que a história não era bem assim. Coloquei as duas versões. Acho que o livro é isento. E o Evandro foi muito correto. Não ficou querendo ler nem ficou patrulhando os assuntos que eu abordava. As brigas importantes estão todas lá – afirma.

Na verdade, a amizade atrapalhou a apuração, já que três integrantes da formação oficial estão brigados com Evandro e se recusaram a dar entrevistas para Rodrigues.

– O guitarrista Ricardo Barreto, sua mulher, Márcia Bulcão, e o baixista Antonio Pedro não quiseram falar. Usei declarações deles à imprensa da época.

Para o visual do livro, Rodrigues chamou o designer Luiz Stein, o mesmo que, ao lado de Gringo Cardia, planejou e executou a programação visual da banda, a começar pelas capas dos discos. Já para a caça das imagens, Rodrigues não precisou ir muito longe.

– Fernanda tinha seis pastas de arquivo com todo o material que reuniu na época: recortes de jornais, páginas de revistas, ingressos de shows, credenciais, crachás etc. Ela guardava tudo.

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